sábado, 28 de maio de 2011

(Design de Moda) Por que "não é só moda"...





Pesquisando sobre moda e suas definições (sempre) encontrei na biblioteca do CAA - Campus Acadêmico do Agreste - da UFPE um livro que me pareceu ser novidade nas estantes do local.
Começo a leitura e pronto! Paro em um parágrafo que é essencial para a explicação da relação entre moda e design, ou design de moda. Compartilho com vocês:




Calanca, Daniela. História social da moda.
Pág. 209 
Não só moda.
"No início dos anos 80, começa-se a falar de moda em termo de cultura projetual, e não como uma área específica e distinta do contexto geral do design espacial e objetual. Se o design projeta ambientes e mobílias; analogamente, por meio da ação dos estilista, a moda torna-se “design do corpo”, “projeto de movimento e da relação impessoal”. A nova relação que se estabelece entre moda e design, que equipara a roupa a um objeto, e como tal se submete aos mesmos parâmetros e a mesma práxis projectual, consente a influência recíproca entre os dois sistemas, desde sempre mantidos separados. Moda e design tomam estradas paralelas, estabelecem um intercâmbio pelo qual se, de um lado, os estilistas entram em outros setores da produção industrial, como decoração, o projeto de objetos, as cerâmicas, os tecidos e a roupa para a casa, de outro, os arquitetos desenham roupas, estampas para a seda das gravatas. O novo binômio moda-design afirma-se também em numerosas mostras organizadas, entre as quais a de maio de 1982, no Massachusetts Institute of Technology de Boston e aquela do PAC de Milão, em 1983, por ocasião da Trienal, e está no centro do debate internacional promovido pelo Congresso Icsid (International Council of Societies of Industrial Design) também em Milão, em 1983. A nova relação de colaboração entre moda e design permite definitivamente ao estilista sair da “guetização” do papel de couturier, oficializando uma identidade profissional diferente, do designer industrial de produtos de vestuário."

A exemplo dessa citação, podemos falar em Karim Rashid, designer consagrado, que já criou mais de três mil objetos, dentre eles, mesas, cadeiras e melissas. Sim, melissas! Ícone de moda, um de seus  modelos foi projetado em 2005, pelo designer, com o nome de Melissa Karim  Rashid High.



Daí, por isso, concordamos que "não é só moda", como afirmou Daniela Calanca. 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

X Festival do Jeans de Toritama e a "MPB"

X Festival do Jeans de Toritama

Desde 2001 Toritama realiza o seu Festival do Jeans. Festival que, por sua vez, está na lista de roteiro de turismo da EMPETUR - Empresa de Turismo de Pernambuco. 
O evento é anunciado dentro das seguintes delimitações: feira de negócios, desfiles e shows artísticos. A edição desse ano de 2011 parece, no entanto, ter acontecido em torno apenas dos shows artísticos como foi veiculado na televisão e propagado em cartazes, outdoors e afins. A exemplo da imagem abaixo:


Bem, a cidade que é responsável por 16% da produção em jeans nacional, parece, nessa ocasião ter desperdiçado a chance de ser reafirmar como Capital do Jeans. 
Sinalização, conceituação, capacitação e atrações culturais diversas, e pasmem, até o próprio jeans, foram deixados de lado. Talvez o jeans mais enfatizado tenha sido a calça desenhada na marca da prefeitura. E a "moda" em questão foi observada pela preferência local, dada as atrações musicais do evento. Explicando: A moda é "ouvir, dançar e curtir" Aviões do forró, Soxote'A', Forró dos firmas. E claro, a última moda, que é o sertanejo, representado aqui por Luiz Neto e Davi. Mas não é de se estranhar. A slogan da Prefeitura não "engana" ninguém. "Prevalece" a vontade do povo...


Por outro lado, o turista que procura a "capital do jeans", encontra um parque das feiras grandioso mas incapaz de levantar sozinho a bandeira  de um Festival criado para impulsionar a indústria do jeans de Toritama. E mais intrigante ainda, é o fato da edição passada ter sido tão enaltecedora da difusão de um conceito por trás da simples confecção do vestuário em jeans. Sim. Porque produzir, ser pólo industrial e de confecção, é uma competência, mas vender moda, agregar valor a um produto através de conceito e projeto - o que chamamos de design - é algo que atinge dimensões maiores (e que exige igualmente mais que shows de "música popular brasileira").







quinta-feira, 19 de maio de 2011

Afinal, o que é MODA? (Parte 1?)

Espelho da cidade - Jorge Marques



"A espiral é um círculo espiritualizado. Na forma helicoidal, o círculo desdobrado, desenrolado, já não é mais vicioso: passou a ser livre.
A espira sucede à espira, e toda síntese é a tese da que se segue. Vladimir Nabokov (Autre rivage)."
Vincent – Ricard, Françoise. As espirais da moda.

Essa foi a missão dada a três estudantes de Design (com ênfase em moda), diga-se de passagem, prestes a se formar: Definir MODA em uma imagem, ou em um slide através de imagens.
Daí surgem os questionamentos: Moda? A partir de que área do conhecimento definí-la? Se existem várias definições, então não há uma verdade digamos "absoluta". O que levar em consideração, para definí-la de forma mais abrangente possível? E claro, para quem será apresentada essa definição (conhecimento de praxe para quem é designer, ou que está a caminho de ser: atender a necessidade do público-alvo, do usuário, do cliente, ou ainda do espectador.)

Vamos então a teoria! (Vasta teoria!). (E qual a se seguir?)

De um livro, julgado talvez como bobo, por fazer parte de uma coleção de primeiros passos, digamos assim, saem conceitos interessantes: (Sublinhados, negritos e escritos em vermelho são de minha autoria.)

Palomino, Erika. A moda. Folha de São Paulo

"O que é a moda, afinal?

A moda é um sistema que acompanha o vestuário e o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um contexto maior, político, social, sociológico. [...]

Você enxergará melhor a moda se conseguir visualizar uma evolução. Pense no jeito que as pessoas se vestiam nos anos 70 e depois nos anos 80 e tente, ainda, achar um denominador para o que as pessoas usavam na década de 90. Essas mudanças é que são a moda. Ao acompanhar/retratar/simbolizar essas transformações, a moda serve como reflexo das sociedades à volta (impossível não imaginar a imagem de um espelho refletindo uma cidade, por exemplo). É possível entender um grupo, um país, o mundo naquele período pela moda então praticada.

Sabemos que uma moda pode regular formas de vestir, de pentear-se etc. A palavra “moda” vem do latim “modus”, significando “modo”, “maneira”. Em inglês, moda é “fashion”, corruptela da palavra francesa “façon”, que também quer dizer “modo”, “maneira”.

Hoje em dia, talvez estejamos acostumados a sistema que opera a moda num âmbito de desfiles, modismos, tendências. Mas nem sempre foi assim. E, ao contrário do que talvez possamos pensar em nosso mundo globalizado, a moda não é algo universal[1]. Os povos primitivos, por exemplo, desconhecem o conceito – apesar de muitas vezes acharmos muito bonitos os vestidos de uma ou outra tribo africana, por exemplo. Tampouco a moda é algo que existe há muito tempo: no Egito antigo, por exemplo, nada no vestuário mudou num período de 3 mil anos (ou seja, será que a moda só existe pela flexibilidade das camadas sociais? As classes sociais no antigo Egito eram rígidas, não se alteravam).

O conceito de moda apareceu no final da Idade Média (século 15) e principio da Renascença, na corte de Borgonha (atualmente parte da França), com o desenvolvimento das cidades e a organização da vida das cortes. A aproximação das pessoas na área urbana levou ao desejo de imitar: enriquecidos pelo comércio, os burgueses passaram a copiar as roupas dos nobres. Ao tentarem variar suas roupas para diferenciar-se dos burgueses, os nobres fizeram funcionar a engrenagem – os novos burgueses copiavam, os nobres inventavam algo novo, e assim por diante. Desde seu aparecimento, a moda trazia em si seu caráter estratificador.

[...] não existia sombra do conceito de estilista ou costureiro. Somente no final do século 18 uma pessoa seria responsável por mudanças “assinadas”, quando Rose Bertin ficou famosa por cuidar das toilettes da rainha Maria Antonieta (1755 – 93). [...]

Na sociedade democrática do século 19, aparecem necessidades mais complexas de distinção; [...] a moda passou também a expressar ideias e sentimentos.[2] [...]
[...] primeiro a moda reage contra si mesma (contra o look anterior) para depois respingar na vida real. Por exemplo: a moda andrógina substitui a romântica, mas em algum momento as duas coexistem nas ruas. [...] Mas nem toda moda está conctada com leituras políticas ou sociais – simplesmente porque as pessoas às vezes usam coisas sem motivos, conforme explica Hollander[3]. Daí o caráter volátil da moda. Ainda segundo Hollander, o significado social da moda está confinado ao fato de quem usa o que em determinado momento, e não porque usa. (entendo nesse trecho que o “porque” de se usar é um questionamento da psicologia. Por isso a moda não pode ser estudada/compreendida de uma só área do conhecimento).
[...] Mesmo na não-moda, na moda essencialmente prática, feita para finalidades básicas (como cobrir ou esquentar, por exemplo), escolhas são feitas. Você escolhe entre uma cor e outra num casaco, que pode ter um botão ou outro. E nessa escolha já está a moda, porque denota o gosto de quem escolheu aquele botão e o de quem compra a roupa. [...]
[...]Moda tem muito mais a ver com vida real do que as pessoas pensam. [...] o caráter da moda é de fato efêmero (ela muda oficialmente de seis em seis meses, e seu meio é a roupa) e porque ela tem a ver com a aparência (supostamente privilegiando o superficial em detrimento do intelectual: forma versus conteúdo).
Quem a critica dessa forma passa por cima das implicações sociológicas e mesmo psicológicas da moda – coisas simples como sentir-se bem ao usar determinada roupa, ou sentir-se poderoso ou vulnerável vestindo outra... Sem falar da expressão pessoal. [...]

[...] Para o pensador Gilles Lipovetsky, pensador que mapeou a fascinação da moda pelo novo, o grande período da moda foi de 1850 a 1970, quando ocorreram as grandes revoluções de estilo que marcaram a aparência ferminina moderna. Segundo Lipovetsky, a roupa foi emblemática de posição social por séculos, mas hoje deve ser essencialmente prática.[4] De acordo com essa tese, a atuação da moda vai encontrar mais eco como objeto de sedução. Esse pode mesmo ser um caminho.

Outro é o da tecnologia. Conforme disse numa palestra o presidente da DuPont, Steven R. McCracken, a moda, terminando esse período de mudanças formais, deverá trazer inovações de cunho tecnológico, como, por exemplo, os tecidos inteligentes.[5]"



[1] Ver Gilda de Mello e Souza, O espírito das roupas: a moda no século 19. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
[2] Idem, ibidem.
[3] Anne Hollander, O sexo e as roupas: a evolução do traje moderno. Rio de Janeiro: Rocco, 1966.
[4] Folha de São Paulo, caderno “Moda”, 25/8/2000.
[5] A palestra integrou seminário promovido pelo jornal International Herald Tribune, em Paris, nos dias 28 e 29 de novembro de 2000.


A imagem do início do post, me inspira o conceito de moda: "O espelho da cidade". Seria a moda o reflexo do comportamento humano adotado num grupo? 
Mais sobre o artista http://jmsmarkes.blogspot.com/

Até a próxima (Porque dessa vez, as morais da história ficam a cargo de vocês).

terça-feira, 10 de maio de 2011

Design em capa de dvd?

Ou falta de design (análise de similares, processo criativo, etc...)?






Antes devo confessar que foi uma dúvida saber se era um problema de design. Talvez. Ainda não tenho essa certeza, mas por suposição e por analogia ao design em capas de CD, pois se não me falha a memória, o projeto da capa de um CD foi a avaliação final da disciplina de Sistemas de Representação Bidimensional, enfim, foi impossível não perceber, e comentar sobre essa constatação.
Outono em Nova York é um filme lançado em 2000 (Diretor: Joan Chen); já o filme Um amor para recordar é do ano de 2002 (Diretor: Adam Chankmen ); logo, por uma questão cronológica há quem diga quem "imitou" quem - digamos assim.
Na ocasião da foto, a semelhança ficou latente - estavam muito próximos! 
Com o mesmo preço, quase as mesmas capas, só faltava as histórias serem parecidas! (E não é que são?!) 
Detalhes a parte, tratam-se de romances, onde as mocinhas, doentes terminais, são o motivo da redenção dos homens não muito comportados.
Enfim, a capa, ou as capas (são tão parecidas que dá pra esquecer de distinguir...) falam por si só.
Até a próxima. 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Se cria assim:

"A boa filha a casa torna." 
Voltei! "Voltei para ficar, por que aqui, aqui é o meu lugar!" (Que os anjos digam amém!)
Que as morais continuem... Que a história não pare... E assim, vamos adiante porque "uma andorinha só não faz verão" (Nossa! Quanto clichê!).
Mas afinal, o que é a vida se não uma sucessão de clichês? Exceto casos extraordinários, tudo é repetição, reinvenção. 
Certo dia no CIEE - Centro de Integração Empresa-Escola - me deparo com o quadro cuja figura trago para compartilhar o meu encantamento na ocasião. Especialmente por tratar-se de um assunto pertinente ao campo do design - processo de criação - e mais ainda pela carga poética, creio que seja uma ótima forma de voltar a "pluralizar morais" de algumas histórias... 



Conto com vocês para "ter a voz como um pipoco"! 
Até a próxima!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Design insensato?!

Bem, volta-se a ativa.

A procura de uma boa história que tivesse algumas morais, algo que já intrigava, pareceu formidável para ser discutido aqui, depois de uma rápida pesquisa pelo maravilhoso mundo da internet.

A abertura da novela global Insensato Coração.


Simples e ao mesmo tempo complexa: O que uma escultura com pessoas - não a de um casal - faz na abertura de uma novela cujo nome, Insensato Coração, e as chamadas, nos induzem a pensar em insensatez cometidas por homens e mulheres apaixonados? Uma escultura que, a princípio, quando visualizada, é impossível não lembrar da marca das Olimpíadas do Rio 2016 - alvo de polêmicas por sugerir um plágio - ela também representa mais de duas pessoas de mãos dadas em movimentos sinuosos.
A obra do um artista plástico africano, Jonh Chipiri, representa uma espécie de família de mãos dadas. Sim, mas e então, qual a ligação com o tema Insensato Coração?! 



No site http://www.telehistoria.com.br/colunas/index.asp?id=11983, atribui-se a Hans Donner a afirmação de que o brienfing dado pelo autor, Gilberto Braga, basicamente era família e por isso foi escolhida a escultura em particular. Para ele, o artista conseguiu "interligar os braços dos pais com três filhos e transformar isso numa harmonia visual fantástica". A proposta era transformar a escultura, que é uma esfera, como se fosse uma esfera do universo. Iluminá-la de um jeito que ela viesse ganhando luz, como se fosse o sol iluminando a Terra. Ele considera também,  ainda segundo o site, que essa vinheta provavelmente é uma das mais simples, mas talvez uma das mais sofisticada, pelo fato de não se usar a computação gráfica a que a audiência está acostumada.

Bem, explicações à parte,  o resultado, se comparado a outras aberturas também globais, se mostra falho em muitos aspectos. O principal é o de  não fazer jus ao roteiro divulgado nas chamadas - paixão, romance, reviravoltas - e por fim, não se encontra uma conexão entre a abertura e o que está sendo mostrado na própria novela.

Morais da história: Quando designers pecam, o problema está no brienfing - as informações que o cliente concede ao designer para o desenvolvimento do projeto? Nem sempre o "menos é mais"? 

...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Abolida a Escravidão?



"Alô liberdade (...)"
"Livre pra poder sorrir, livre pra poder buscar o meu lugar ao sol (...)"
"Sou livre pra pensar, eu não devo nada a ninguém (...)"
"Liberdade pra dentro da cabeça (...)"


LIBERDADE.
Queria mesmo escrever sobre isso. Mas escrever sem propriedade alguma, fazer uma reflexão mesmo... (Mais uma reflexão...)

Mas vejam, não foi à toa que esse conceito mexeu comigo (sim, pode ser apenas um conceito). Lendo um livro, um dia desses, encontrei a seguinte passagem:
"[...] a natureza da própria liberdade. Será que liberdade significa que você tem permissão para fazer o que quer? Ou poderíamos falar sobre tudo que limita a sua liberdade. A herança genética de sua família, seu DNA específico, seu metabolismo, as questões quânticas que acontecem num nível subatômico [...]. Existem as doenças de sua alma que o inibem amarram, as influências sociais externas, os hábitos que criaram elos e caminhos sináoticos no seu cérebro. E há os anúncios, as propagandas e os paradigmas. Diante dessa confluência de inibidores multifacetados -, o que é de fato liberdade?" 
A Cabana, Willian P. Young

Daí então, eis que surge uma definição de Escravidão e também de Liberdade:

Museu da Abolição - Rua Benfica, 1150 - Madalena Recife - PE
Eu te pergunto: No nosso sistema, algo não remete ao regime de Escravidão? (Submissão a condição de "coisa" segundo a definição). Quantos de nós, tem ousadia? (Sinônimo de Liberdade segundo a definição). Se você é livre, por que está aqui, agora, lendo esse texto? 
Costumo dizer que "estou presa na liberdade das minhas próprias escolhas" (normalmente digo isso quando estou sobrecarregada de trabalhos na faculdade). Afinal, "escolhemos" boa parte dos nosso caminhos, e podemos pensar que estamos livres, mas se formos refletir isso, veremos quantas coisas, até mesmo do nosso dia-a-dia, nos impedem de viver a tal "liberdade"... Você trabalha, estuda, tem diversos compromissos, almejados e conseguidos por você mesmo, frutos da sua "liberdade de escolha", no entanto, esses mesmos frutos te impedem de arriscar, de sair da rotina, de ousar... 

Se não for relativa, a liberdade é a nossa ilusão de cada dia.